Décimo terceiro e PJs: 26 dicas financeiras de Natal

Ao sinal das trombetas publicitárias, começa neste mês a maratona do Comércio para o Natal. Decorações verdes e vermelhas em todo canto, pisca-pisca, papais noéis e o velho Jingle Bells tocando nos shoppings anunciam o período.

Parte desse contexto são os planos para o décimo terceiro salário, nas planilhas de quem tem o benefício. Alguns profissionais contratados como PJ desfrutam dele como generosidade, pois há empresas que o pagam. Já outros ficam sem saber como contornar limitações financeiras cruéis. Nesse artigo, vou apresentar 26 (sim, o dobro) formas para um PJ desdobrar o valor do seu dinheiro no fim do ano.

13º (Décimo terceiro) salário e os PJs - Shopping decorado para o Natal

A maioria são táticas simples de economia imediata, entre compras de Natal e viagens de férias. Mas a grande estratégia está nas três últimas dicas.

Compensando o décimo terceiro nas compras de Natal

As práticas abaixo são pequenas formas de diminuir os gastos de consumo natalino, para salvar quem estiver apertado nesse momento.

  1. Estipule o preço máximo a ser gasto com presentes (total ou unitário, como preferir);
  2. Tenha uma lista escrita de todas as pessoas que pretende presentear, sem esquecer dos “amigos secretos”;
  3. Algumas pessoas na vida são especiais, e precisam ser honradas. Quanto às demais, não justificam um começo de ano no vermelho. Lembrancinhas não são sinônimo de descaso, ainda mais em plena crise;
  4. Antecedência: Quanto mais antes das festas você for às compras, menor o preço e as filas;
  5. Tire proveito dos bons e velhos comparadores de preços: Buscapé, Bondfaro, Zoom, Google Shopping, JáCotei, Shopbot, entre outros;
  6. O remanescente da onda das compras coletivas converteu-se em sites especializados em descontos. É o exemplo do Peixe Urbano e Hotel Urbano;
  7. Mesmo com o dólar alto, há presentes bons e baratos no exterior. Neste caso, a antecedência também serve para dar tempo de o produto chegar. Tenho boa experiência com Amazon, Wish, AliExpress e DX.
  8. Não bastando, há outras inovações voltadas para compartilhamento de ofertas específicas pelos próprios usuários, como o Promobit.
  9. Lojas virtuais pequenas, desconhecidas ou de nicho podem ser uma boa opção para economizar, desde que sejam devidamente confiáveis. Antes de comprar delas, faça uma busca na internet, em sites como o ReclameAqui e na “lista negra” do Buscapé.
  10. Escolhido o presente, não despreze os similares nem as outras lojas. Em muitos casos os consumidores tendem a pagar por marca e status, principalmente nas grandes festas do comércio;
  11. Pagamentos à vista SEMPRE têm descontos. A maioria dos e-commerces dão de 5 a 10% de desconto no boleto, só para acompanhar seus concorrentes. Se numa loja física menor, o vendedor recusar essa proposta, pode chamar o gerente;
  12. Compras pessoais depois da farra: Essa é a mais importante, e também a mais óbvia. Na primeira quinzena de janeiro, praticamente todo o Comércio entra em liquidação: roupas, eletrônicos, linha branca, móveis, etc. Na temporada de compras, os lojistas já faturaram bem mais do que gastaram com a compra das mercadorias. Agora, tudo o que sobrou está ocupando espaço ou gerando custos de armazenagem. O lucro deles já está embolsado, mesmo que esse resto fosse dado de graça. Particularmente, eu só compro as minhas coisas após as datas festivas. Deixe para depois do Natal todas as compras que puder.

Fazendo o dinheiro render nas viagens de fim de ano

As dicas abaixo são aplicáveis às viagens de fim de ano e férias, outro fator que ajuda a consumir não só o décimo terceiro, mas boa parte da renda no ano vindouro.

  1. Já falamos sobre a antecedência nas compras de Natal. No mercado de passagens aéreas, essa regra vale o ano inteiro. Quanto maior antecedência na compra, menor o preço. Porém, é preciso ficar atento às condições de cancelamento, mudança de data e entrelinhas;
  2. Parece indiferente, mas os programas de milhagens são uma boa forma de viajar com pouco dinheiro. Algumas companhias também têm convênios com hotéis e locadoras de veículos. Atenção aos prazos de validade e regras para junção e troca de pontos;
  3. Hospedar-se em albergues é ideal para quem viaja sozinho ou entre amigos. É uma maneira de conhecer gente e cultura nova, e praticar com mais naturalidade o idioma do país de destino;
  4. O comércio local é o mais indicado para comprar lembranças relacionadas ao lugar. Compras de última hora, até mesmo para alimentação, não são uma boa, principalmente dentro dos aeroportos;
  5. Certifique-se de estar portando toda a roupa necessária, sobretudo quando viajar para lugares mais frios. Gastos inusitados com roupas e acessórios são desnecessários;
  6. Cuidado com o roaming do celular e internet móvel;
  7. Quando for para o exterior, use cartões pré-pagos e compre dólares aos poucos. Assim, é possível ficar na média de variações bruscas na cotação cambial;
  8. Há lugares (a exemplo do Vale do Silício, na Califórnia) que sai mais em conta alugar um carro do que custear cada deslocamento. Se os pontos a serem visitados são muito distantes, por exemplo, procure uma promoção de aluguel durante a semana, não esquecendo de atentar ao consumo do veículo;
  9. Dependendo do destino e do tamanho do grupo (a partir de três ou quatro pessoas), pode ser mais barato alugar um imóvel durante a temporada do que hospedar-se em hotéis;
  10. Comprar comida no supermercado é mais viável do que ficar gastando com alimentação na rua;
  11. Caminhe: Fazer um trajeto a pé, além de combater o sedentarismo, permite um contato diferente com o local visitado. De carro não será possível entrar em cada loja ou parque que lhe chamar a atenção, por exemplo. Antes das caminhadas, certifique-se de estar com a bateria do celular cheia (em roaming ela dura menos). Isso evita a dependência de taxis ou de informações de estranhos caso se perca na cidade.

Bem mais que décimo terceiro

Já ouvi dizer que o regime PJ compensa para quem é bom de finanças. Por experiência própria, é a mais pura verdade. Se você não se sente confortável ao fazer planejamentos financeiros sofisticados, um bom começo é garantir seu 13º para o próximo Natal, iniciando exatamente agora.

  1. Guardar 1/12 do salário: Com menos de 10% da sua remuneração bruta já é possível garantir um salário extra no fim do ano. Pode ser mais fácil encará-lo como um segundo imposto, mas com benefícios reais. E por falar em imposto, mesmo fazendo isso você ainda paga menos do que os CLT; 🙂
  2. Plano de contingência: Como nem tudo são flores, é importante conhecer o seu custo mensal de vida. Esse número vem da soma dos seus gastos indispensáveis, e não precisa necessariamente incluir o dinheiro destinado à poupança e fundos. Especialistas em finanças pessoais recomendam ter guardado um múltiplo desse valor, de acordo com a idade. Tendo em vista a abundância de empregos nas áreas pejotizadas, possuir de 1 a 3 meses de custos já está de bom tamanho, pelo menos para profissionais mais jovens.
  3. Compras em datas estratégicas: Todos nós temos necessidades cuja satisfação depende do comércio: roupas, eletrônicos, telefonia, informática, calçados, etc.
    Para os homens, avalie se não faz sentido comprar roupas e sapatos somente uma vez por ano: no meio do mês agosto, após Dia dos Pais. Para a moda feminina e linha branca, no final de maio: passado o dia das mães. Eletrônicos, celulares e informática costumam ter melhores promoções após o Natal. Aqui aplica-se a mesma lógica do item 12.
    Melhor ainda é aplicar a cada mês uma quantia irrisória (não mais do que R$ 150,00), deixar o dinheiro acumulando e rendendo juros no banco, e só gastar quando chegar a data estratégica. Nesse ponto, eu compro produtos de qualidade com dois descontos: o da liquidação e o do pagamento à vista.

Como dito, essas três últimas práticas são a grande estratégia para as finanças de um PJ, e vão bem além do décimo terceiro salário. Combinadas a essas, as anteriores se resumem a um mero complemento.

Infelizmente, a cultura do brasileiro em relação ao assunto é um descalabro econômico. Segundo pesquisa do site Guia Bolso, apenas 9% do público diz conseguir poupar alguma coisa no fim do mês. No Brasil, a parcela do PIB aplicada em poupança e investimentos perde até para países como Etiópia, Haiti e Senegal. Imagine se não tivéssemos vindo de um ciclo de crescimento de renda, e se não estivéssemos em recessão…

Mesmo trabalhando 11 meses e recebendo 13 salários, muita gente perde o controle dos gastos, chegando ao ponto de virar o ano com dívidas novas. Você não precisa sofrer desses males, nem recusar boas oportunidades por paixão ao 13º. As dicas aqui listadas ilustram como um mínimo de racionalidade pode evitar e remediar problemas financeiros.

Fontes:

https://catracalivre.com.br/geral/negocio-urbanidade/indicacao/1-sites-para-pesquisar-e-comparar-precos/

http://www.bolsademulher.com/natal-festas/9-passos-para-economizar-presente-de-natal

http://turismo.ig.com.br/manual-do-viajante/dicas/como-economizar-em-viagens/n1597219895521.html

http://www.matraqueando.com.br/10-dicas-para-economizar-em-viagens-nacionais

http://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2013/02/06/brasileiro-poupa-menos-que-haitiano-e-senegales-veja-ranking-de-emergentes/

Revista EXAME, edição 1101, de 11/11/2015