CLT x PJ: Como a inflação os afeta e como se proteger

Inflação: o dragão está solto de novoO que é Inflação e Deflação

No noticiário brasileiro recente, a inflação tem ganhado grande atenção, e não por primeira vez. Na prática, o termo significa “perda de valor da moeda”, quando os produtos e o custo de vida exigem uma quantidade cada vez maior do dinheiro local. Isso ocorre, normalmente, quando o Governo imprime mais dinheiro do que deveria. O efeito tem detalhes que não são o foco do presente artigo.

As teorias da Economia nos ensinam sobre a inflação e sobre o efeito oposto – ou seja, quando as coisas ficam cada vez mais baratas: a deflação, mas este está longe de ser o problema no Brasil. Por incrível que pareça, os dois efeitos são ruins, e governos de todo o mundo tentam evitá-los, buscando a chamada “estabilidade dos preços”.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado mensalmente pelo IBGE, é o indicador oficial da inflação no Brasil. Para se ter uma ideia, ele apontou um valor relativamente alto em 2015, a saber, 10,67%. Quer dizer: uma compra de supermercado de R$ 100,00 há um ano atrás não pode ser feita hoje com menos de R$ 110,67. Esse número é encontrado à base de pesquisas de preços constantes em todo o país.

Comparando a 2014, ano cujo IPCA ficou em 6,41%, a conclusão é iminente: os preços estão subindo cada vez mais aceleradamente.

A diferença entre ser CLT ou PJ

O desastre afeta em cheio a classe trabalhadora e a população em geral. Os trabalhadores com registro em carteira (CLT) estão expostos a esse mal através do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

FGTS é uma parcela do salário, descontado do pagamento, mas depositado para o governo, que guarda o dinheiro para o cidadão usar quando sair daquele emprego. É uma “reserva para emergências” instituída por lei. Nada mais justo, porém, que o trabalhador receber o valor do seu FGTS aumentado à mesma proporção da inflação, mas isso não tem ocorrido.

Inflação: perda do valor da moedaNas mãos do Governo, o FGTS rende 3% ao ano + TR (menor do que a Poupança e desvinculado do IPCA), um verdadeiro calote.

Já um PJ recebe todo o seu pagamento sem desconto algum, pode separar a quantia que bem entender para reservas de emergência, e também aplicar onde desejar. Em qualquer internet banking é possível ter acesso a fundos de investimento que pagam entre 7 e 10% ao ano. O próprio Governo, através do Tesouro Direto, oferece investimentos com rendimento acima de 14% a. a., ou que pagam o próprio IPCA acrescido de mais juros.

Como se proteger

Se você é PJ, e pretende proteger suas reservas de longo prazo da inflação, sem correr riscos, o ideal é investí-las em títulos que rendam uma taxa baseada no IPCA. Então, é adequado comprar títulos da série Tesouro IPCA+, o qual rende a inflação – seja quanto for – mais uma taxa de juros fixa. Ou seja, além de atualizar, a um ganho (juros reais).

Alguns analistas recomendam não comprar títulos com vencimento além de 2020, pois a capacidade de o Governo honrar essa dívida pode se deteriorar na próxima década.

Finalizando, vale lembrar onde você NÃO deve investir seu dinheiro. Curiosamente, os bancos fazem muitos apelos para esses produtos:

  • Poupança: historicamente, é o investimento que menos rende, e tem ficado bem abaixo do IPCA no cenário atual;
  • Títulos de capitalização: Rende pouco, e você perde se resgatar antes do combinado. Só é negócio para o banco, a menos que você seja sorteado e ganhe um prêmio.

Mas para quem trabalha como CLT e não tem como decidir onde aplicar os recursos do FGTS: No final do ano passado, publicamos um artigo que, inicialmente, visava ajudar trabalhadores PJ nas compras de Natal. Pois eles não tem o benefício do décimo terceiro salário. Mas as dicas ali postadas se aplicam perfeitamente ao contexto de proteção da inflação. Vale a pena dar uma olhada: Décimo terceiro e PJs: 26 dicas financeiras de Natal.

Espero ter ajudado quem enxerga e se preocupa com a crescente ameaça da inflação. De qualquer forma, fica a recomendação de, antes de seguir qualquer orientação desse artigo, prestar atenção à data em que o mesmo foi publicado, e atualizar-se com relação aos valores, índices e taxas do mês em que você está lendo.